Moacir Gadotti sempre foi uma pessoa além de nosso tempo, seus questionamentos nos fazem refletir para onde nos direcionando como educadores, qual o tipo de educação que almejamos. O texto abaixo me foi enviado pela aluna de pós de Psicopedagogia, Fátima Graziela Giachelin, foi uma leitura pautada em reflexões e muito prazerosa, por isso resolvi colocá-la aqui no blog...
A Educação é essencial na formação do cidadão tendo a
escola como fator relevante para a construção do indivíduo, de acordo com
Gadotti “O conhecimento novo é resultado de um longo processo em construção do
indivíduo”.
Para escrever suas obras, o autor inspirou-se em Paulo
Freire, defendendo a escola em meio aos seus defeitos, valorizando
principalmente as qualidades, a escola é um espaço físico onde devem existir
conversas, confrontos, discussões sobre política gerando insatisfações, pois o
contrário disso ela deixa de ser autoritária para ser harmoniosa, sendo assim
ela tem exercido um papel fundamental nas relações sociais e culturais.
A escola não é um simples lugar pelo qual o indivíduo é
convidado, mas a mesma faz parte da vida do homem e por mais que o tempo passe
não será esquecida, pelo contrário verá o quanto foi importante estar nela.
Como afirma Gadotti:
Mas é na escola que passamos os melhores anos de nossas vidas, quando crianças e jovens. A escola é um lugar bonito, um lugar cheio de vida, seja ela uma escola com todas as condições de trabalho, seja ela uma escola onde falta tudo. Mesmo faltando tudo nela existe o essencial: gente, professores e alunos, funcionários, diretores. Todos tentando fazer o que lhes parece melhor. Nem sempre eles têm êxito, mas estão sempre tentando. Por isso, precisamos falar mais e melhor das nossas escolas, de nossa educação. (GADOTTI, 2008 p. 02)
Mas é na escola que passamos os melhores anos de nossas vidas, quando crianças e jovens. A escola é um lugar bonito, um lugar cheio de vida, seja ela uma escola com todas as condições de trabalho, seja ela uma escola onde falta tudo. Mesmo faltando tudo nela existe o essencial: gente, professores e alunos, funcionários, diretores. Todos tentando fazer o que lhes parece melhor. Nem sempre eles têm êxito, mas estão sempre tentando. Por isso, precisamos falar mais e melhor das nossas escolas, de nossa educação. (GADOTTI, 2008 p. 02)
Sendo que cada escola tem sua própria história, uma não é
igual à outra, devido à comunidade a qual está inserida e a cultura que cada
uma vivencia.
A interação não está somente dentro da escola, está
ligada também a relação que mantém com outras escolas, sociedade e família,
sendo essa o primeiro grupo social no qual a criança faz parte.
Tendo cada particularidade diferente em relação aos
projetos e agentes conduzindo na produção da identidade individual e social dos
educandos, para se tornarem críticos e criativos prontos a exercerem a
cidadania consciente de seus direitos e deveres. Desta forma a escola forma o
sujeito cidadão para viver na comunidade de maneira democrática e política,
sendo uma escola cidadã. No livro
Pedagogia da práxis Gadotti (2001, p. 266-267) esclarece o seu conceito sobre
“Decálogo da Escola Cidadã” no qual apresenta dez aspectos indispensáveis para
o desenho dessa escola.
O primeiro aspecto apresentado por Gadotti a escola acima
de tudo tem que ser democrática, ou seja, a democracia permite que o estudante
tenha acesso e permanência no contexto escolar. Desta forma oportuniza a
elaboração de cultura no processo educativo.
O segundo aspecto a escola tem que ser autônoma. “Para
ser autônoma, não pode ser dependente de órgãos intermediários que elaboram
políticos dos quais ela é mera executora”.
O terceiro aspecto “A escola cidadã deve valorizar o
contrato de dedicação exclusivo do professor”. Segundo Gadotti a escola deve
oferecer condições de trabalho de forma adequada para o docente e não permitir
que o mesmo leve para casa atividades extraclasse, se isso ocorrer deve-se
considerar com carga horária de trabalho.
O quarto aspecto é chamado de “Ação direta”, pois visa à
valorização dos projetos escolares e propostas dos responsáveis que compõem o
contexto escolar.
Gadotti afirma no quinto aspecto “A escola autônoma
cultiva a curiosidade, a paixão pelo estudo, o gosto pela leitura e pela
produção de textos escritos ou não”. Esta escola em foca princípios de
cidadania, possibilitando um aprendizado criativo e questionador.
No sexto aspecto Gadotti afirma que uma escola cidadã “É
uma escola disciplinar”. Neste aspecto mostra a necessidade da disciplina para
que haja andamento progressivo no contexto escolar.
No sétimo aspecto “A escola não é mais um espaço fechado.
Sua ligação com o mundo se da com trabalho”. Neste aspecto a visão da escola
cidadã está envolvida com a classe trabalhadora, possibilitando ao educando
adquirir experiências com o mundo exterior.
No oitavo aspecto “A transformação da escola não se dá
sem conflitos”. O termo conflito é usado por Gadotti para demonstrar que a
transformação da escola se dá com ato político e democrático.
No nono aspecto “Não há duas escolas iguais”. Isto quer
dizer que cada instituição tem as identidade e pluralidade de saberes, ou seja,
as escolas são diferentes.
No décimo aspecto Gadotti destaca que “Cada escola
deveria ser suficientemente autônoma para poder organizar o seu trabalho de
forma que quisesse, inclusive controlando e exonerando a critério do conselho
da escola”. Nesse aspecto demonstra que a escola tem que ter autonomia e
democracia, a fim de buscar a origem do problema para conduzir a solução capaz
de manter a organização do âmbito escolar.
Para Gadotti a escola do século 21 precisa proporcionar
aos educandos, professores não só preparados, mas motivados com formação
continuada devendo ser concebida pelos mesmos como: reflexão, pesquisa, ação,
descoberta, organização, fundamentação, revisão e construção teórica e não como
mera aprendizagem de novas técnicas, atualização em novas receitas pedagógicas
ou aprendizagem das últimas inovações tecnológicas recursos necessários para
realização dos trabalhos e uma boa remuneração. A instituição deve também dar
subsídios para que os educadores possam refletir sobre sua metodologia de
ensino, seus projetos de vida, e sobre tudo desenvolver os projetos políticos
pedagógicos, sendo essencial no processo ensino-aprendizagem.
Para que ocorra uma boa aprendizagem, o professor precisa
ensinar com alegria, sem esquecer o que ele é, ainda que seu trabalho não seja
reconhecido como deveria, precisa se empenhar, estar sempre pesquisando,
buscando melhoras para auxiliar seus educandos em prol do conhecimento. Como
declara Gadotti:
Espera-se do professor do século XXI que tenha paixão de
ensinar, que esteja aberto para sempre aprender, aberto ao novo, que tenha
domínio técnico-pedagógico, que saiba contar estórias, isto é, que construa
narrativas sedutoras para seus alunos. Espera-se que saiba pesquisar, que saiba
gerenciar uma sala de aula, significar a aprendizagem dele e de seus alunos.
Espera-se que saiba trabalhar em equipe, que seja solidário. (GADOTTI, 2008 p.
04)
Outro fator importante é a conscientização pela busca de
métodos tecnológicos para se tornar uma instituição de qualidade na sociedade
atual, fazendo uso da TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação).
No entanto para que o ensino se torne de qualidade é
preciso à interação e maior participação de pais ou responsável no processo
ensino-aprendizagem, favorecendo assim ambas as partes envolvidas nesse
processo. Caso não haja essa interação e, sobretudo a participação dos alunos
poderá ocorrer o fracasso educacional.
Segundo Gadotti (2000, p.9) “O educador é um medidor do
conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação”. Ele
precisa construir conhecimento de sua experiência para isso, também precisa ser
curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentido para o que fazer
dos alunos.
O ensino e a pesquisa são fatos indissociáveis, um não
acontece sem o outro o aluno aprende quando o professor aprende, no entanto tal
ensino o acompanhará não só na sua formação como cidadão, mas também
profissionalmente.
Na trajetória escolar o aluno se depara com diferentes
conteúdos sem entender o porquê e pra que, sobre isso a escola precisa
conscientizar os alunos de sua fundamental importância que será utilizada na
construção do seu projeto de vida, tanto individual quanto coletiva para viver
bem numa sociedade.
Sendo uma escola de maior autonomia ela será também, de
maior capacidade para chegar a um padrão nacional de qualidade de ensino.
Normalmente o professor tem que saber de muitas coisas
para ensinar, mas isso não é o mais importante, sobretudo é preciso ter sua
própria identidade, não esquecendo que um dia foram crianças, e que por isso
devem se colocar no lugar dos seus alunos, compreendendo-os, pesquisando e
valorizando seus sonhos para que tenham um projeto de vida.
Educar é sempre impregnar de sentidos, ou seja, através
das experiências vivenciadas no âmbito escolar como na vida cotidiana o
indivíduo passa a entender e transformar o mundo e a si mesmo. Educar é não se
omitir e mostrar a realidade, é conduzir o educando a tomar decisões, a lutar,
duvidar, desequilibrar enfim educar é buscar melhorias para auxiliar seus
alunos em prol do conhecimento. Como declara Gadotti: “Para que ocorra um bom
desenvolvimento no processo de ensino aprendizagem requer que o educador se
empenhe e esteja sempre pesquisando, buscando melhorias e idéias inovadoras.”
Quanto à aprendizagem o professor tem uma
responsabilidade muito grande, pois no âmbito escolar ele é um aprendiz
permanente, construindo sentidos, cooperando e tornando-se um organizador da
aprendizagem que usará de estratégias para que o aluno adquira o conhecimento,
sem esquecer que tanto um como outro serão sempre aprendizes.
A todo o momento o ser humano está aprendendo algo, e
melhor ainda quando entende-se o porque e para que aprender, como é o caso dos
conteúdos que são ensinados na escola. Aprender não é acumular conhecimento.
Aprendemos história não para acumular conhecimento, datas, informações, mas
para saber como os seres humanos fizeram a história para fazermos história. O
importante é aprender a pensar (a realidade, não pensamentos), aprender a
aprender. (GADOTTI, 2008 p.10)
O projeto social e político é um forte aliado neste aspecto
através dele podemos construir idéias favoráveis para um aprendizado que
transforme o ambiente escolar num local que envolva gestão escolar, o corpo
docente, e a comunidade a comprometerem-se como agentes participativos nesse
processo.
Dessa forma, a educação se depara com grandes desafios
com isso vivemos numa sociedade de múltiplas oportunidades que envolvem
aprendizagem chamada de “sociedade aprendente”, aprender a desenvolver
autonomia, ser bom pesquisador, compartilhar e desenvolver o raciocínio lógico,
ser disciplinado, organizado, saber articular o conhecimento com a prática e
com uso de saberes, conhecer as fontes de informação, com outros e através da
socialização construir saberes se posicionando como aprendiz permanente.
Impregnados de informações o professor deve ser curioso,
buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos
seus alunos dando-lhes condições de construir e reconstruir seus conhecimentos
a partir do que faz.
A escola do século
21 só vai sobreviver se conseguir unir o ensino adaptado a sociedade em rede
que se encontra em movimento constante.
“A beleza existe em todo lugar. Dependendo do nosso
olhar, da nossa sensibilidade; depende da nossa consciência, do nosso trabalho
e do nosso cuidado. A beleza existe porque o ser humano é capaz de sonhar.”
Moacir Gadotti.